domingo, 3 de maio de 2009

Frio

Me aproximei de um bar de esquina e escutei um dizer ao outro...

''.Ele nunca teve nada nem quem lhe olhasse mas de pouco adiante lhe serviria a tutela. Assim cresceu do nascimento até a juventude, onde na prórpia juventude já sentira que a juventude havia passado. Atropelou-lhe como um touro de pesadelos , não deixando-o para trás, mas parando no tempo e olhando aquele já-não-mais-jovem se deslocar tão lentamente em direção ao Grande Inverno...
-Não ! Não !- ele berrava, resistiu muito de início, mas logo se conformou com o destino inevitável que a vida lhe obriga: - Viver é viver para a morte - pensou lembrando-se dos Heidegger que havia lido na juventude, naquela juventude que não mais lhe pertencia. Pensou em ter filhos mas tão pouco tinha mais o amor ao seu lado como também sentiu compaixão por aquele que nem existia resolvendo poupar-lhe deve inevitável fardo.. - Filhos para que vaguem nessa dimensão intransponível de certezas angustiantes ? - Me iludir e criar outra ilusão em troca companhia ?- Quanto egoísmo meu !! Covarde covarde que sou! -
A partir de momento o solitário resolveu ser testemunha de sua própria existência; já estava muito velho para isso mas prosseguiu de qualquer maneira.''

O rapaz que ouvia ficou estupefato com aquela conversa toda; conversa essa que consitia em apenas um narrador e outro ouvinte, pelo menos a partir do momento em que os observei. A eloquencia do narrador era realmente louvável e confesso que me interessei por aquilo pois eu mesmo já havia ligo heidegger em minha juventude..juventude que fica para trás...O rapaz que escutava entendia pouco do que se tratava, e me senti empelido a tomar-lhe o lugar naquela mesa, uma vontade grande, mas tão grande que simplesmente esqueci do que tinha vontade.. e pronto: lá ví o touro que fica para trás e lá avancei mais um pouco em direção ao inverno sem a menor necessidade de fazer qualquer esforço....

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